
LABORATÓRIO DE MINERALOGIA RECEBE ARQUEÓLOGO DA USP
segunda-feira, 20 de dezembro de 2021.
O arqueólogo e pesquisador Dr. João Carlos Moreno de Sousa visitou, no dia 17 de dezembro, o Laboratório de Mineralogia do UNIFOR-MG. Ele atua no Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP). O Prof. Anisio Claudio Rios Fonseca recebeu o estudioso, que visa compreender a evolução e diversidade cultural dos grupos caçadores-coletores que ocuparam o Sudeste e Sul do Brasil, com foco nas indústrias de pedra lascada.
A pesquisa é desenvolvida no sudoeste mineiro, abrange todo o entorno da represa de Furnas e busca verificar se as pontas de flecha ou lança produzidas em pedra lascada são as mesmas de algumas das culturas mais meridionais. São analisadas amostras de artefatos formais, que servem como diagnóstico para identificação dessas diferentes culturas pré-históricas.
O Dr. João Carlos Moreno de Sousa comentou que, até pouco tempo, arqueólogos brasileiros associavam todos os sítios do Sudeste e Sul com presença de pontas de flecha e lança a uma única cultura arqueológica, denominada nos anos 70 como “Tradição Umbu”. Ele explica que, em pesquisas recentes, a constatação é de que esses artefatos eram produzidos de formas diferenciadas, apresentando padrões regionais. “Sugerimos que existiam várias culturas, ainda que algumas compartilhassem determinados aspectos”.
Os grupos paleoíndios utilizavam lascas de cristais de quartzo ou plaquetas finas de quartzito de grão fino (ou ‘meta-chert’), sem necessariamente fazer uma formatação e redução da espessura do material original. Os caçadores apenas lascavam as bordas das lascas e plaquetas. A tecnologia de produção é mais simples, mas bastante eficiente, exigindo pouco esforço, já que a matéria-prima não precisa ser muito modificada.
O entrevistado aponta que os resultados corroboram com a ideia de grande diversidade cultural dos primeiros grupos nativo-americanos. “A ideia ultrapassada de que ‘índio é tudo igual’ não faz sentido nem para os grupos indígenas atuais e nem para os ancestrais mais antigos, que tinham um modo de vida bem distinto”.
Os estudos ainda estão em andamento e os resultados serão publicados em 2022. O pesquisador adiantou que dados preliminares demonstram que a região se diferencia bastante de outras culturas, apresentando características únicas no Brasil. Ele relata que, enquanto a maioria das pontas no Brasil meridional era produzida por uma tecnologia complexa de formatação e redução de blocos rochosos ou lascas, as pontas da região de Formiga eram obtidas de maneira mais simples.
Segundo o Prof. Anísio Rios Fonseca, o acervo do museu do Centro Universitário de Formiga é novamente usado por pesquisadores de renomadas instituições, como a Universidade Federal do Rio de Janeiro e a USP, o que reforça sua grande importância como instrumento de conservação e informação científica.